Visuais da versão para PC deixam as outras comendo poeira
Depois de visitar o mundo das corridas de asfalto com Race Driver: GRID, a Codemasters retoma as rédeas da série DiRT, pouco tempo após a morte de ColiMcRae, um dos principais nomes do rally mundial. Em DiRT 2 tudo foi melhorado, da direção à variedade dos cenários e das pistas.
Com a apresentação fluída (em partes graças aos menus móveis, que ocultam o carregamento do conteúdo) e modalidades inéditas de corrida — marcando o retorno, ainda que discreto, das provas de rally — a desenvolvedora arrancou muitos elogios da mídia especializada.
No PC a ação chegou depois, primeiro com uma demonstração que causou alarde por oferecer suporte ao DirectX 11 e recentemente com o lançamento do game completo. Em termos de conteúdo, ela é praticamente idêntica às demais versões, mas é o departamento gráfico (como você verá a seguir) que a coloca um nível acima. Confira!
Concentrado na direção
Atualmente, é difícil de apontarmos um jogo de corrida com um modelo de direção tão excitante e satisfatório quanto o de DiRT 2. As corridas exigem total atenção do piloto, que deve sempre manter o carro equilibrado — em meio a tantos saltos — e alinhado em relação às próximas curvas.
É necessário saber dosar exatamente os intervalos entre as freadas e as acelerações, de forma que o carro aproveite as altas rotações do motor para sair embalado em direção às retas e saltos. Você sempre estará brigando para manter o veículo em perfeitas condições, já que pelos cantos da trilha se escondem armadilhas letais, como pequenas pedras ou desníveis agudos, que o puxam sem dó em direção às muretas.
Aos que temem pela falta de um controle para jogar, a boa notícia é que o game continua bem controlável pelo teclado. Basta aprender a dar curtos toques nas teclas ao invés de “afundar” o dedo nelas, afinal de contas, o que mais importa é manter o controle.
Voltando no tempo
Se as pedras e ondulações da pista ficarem no seu caminho — e fizerem com que o seu carro capote duas ou três vezes até ser completamente destruído — não é preciso se descabelar. A Codemasters “importou” de Race Driver: GRID o sistema de volta no tempo, através dos replays instantâneos.
Logo depois de bater ou de errar na curva, tudo o que você precisa fazer é pressionar F1 para ativar o replay, manusear a posição no tempo com F2 e F3 e depois confirmar a volta, pressionando F12. A tela piscará algumas vezes e você estará de volta na corrida, pronto para corrigir sua falha.
O número de flashbacks permitidos é inversamente proporcional à dificuldade selecionada.
Todos estão no páreo
Já que o assunto é a dificuldade, vale notar a existência de diversos níveis dela, desde o amador até o mais extremo. Eles influenciam diretamente o comportamento e os tempos dos adversários (em provas como TrailBlazer e as de rally). No nível mais baixo você os ultrapassa sem dificuldades. Nos mais altos, eles praticamente o atropelam. Fique ligado!
Outra possibilidade que o game oferece ao jogador é o da alteração da aplicação de danos, indo desde a mais completa até a sua completa desativação. Aqueles que temem pela perda de competitividade, mas querem ver os resultados da batida, podem torná-los apenas visuais (Visual Only).
Isso abre espaço para que jogadores de todos os níveis se divirtam com DiRT 2. Alguns ficarão pelas paisagens, outros pela adrenalina. Novamente, os que levarem suas competições realmente a sério podem ativar os ajustes mecânicos nos veículos, regulando suspensão, aerodinâmica, câmbio...
Uma lenda do esporte
A porção mais recheada de DiRT 2 é a campanha single player. Você entra de cabeça neste mundo como um dos competidores emergentes, contando com o apoio de famosos, como Ken Block e Travis Pastrana, para subir nos rankings mundiais.
Na medida em que você progride pelas corridas (vencendo-as), pontos de experiência são adicionados à sua “carteira”. Eles têm muitas funções, tais como a liberação de novas pinturas (há inclusive uma inédita, da ATI, nos PCs), brinquedos de painel e buzinas para o veículo, além é claro da abertura de novos eventos para você disputar.
Além da experiência, o seu relacionamento com os demais pilotos também é afetado. No começo eles vão apenas provocá-lo. Depois se tornam colegas. Mais para o final do game você já será encarado como a grande lenda do rally e das corridas em circuitos.
De Utah até a China
Além desta progressão nos relacionamentos e dos itens novos que são destravados, DiRT 2 o prenderá às partidas pela enorme variedade. Em primeiro lugar temos mais de seis modos de corrida. Os mais notáveis são os tradicionais de Rally, com o apoio de copilotos, que realmente nos faz imaginar como seriam os jogos antigos refeitos para as novas tecnologias.
Seguindo de perto, temos TrailBlazer e Gatecrasher. O primeiro é uma prova de rally, mas sem indicações de copiloto e disputada pelo tempo total, enquanto a segunda modalidade é uma corrida contra o relógio, na qual o jogador deve esmagar uma série de painéis amarelos de modo a ganhar segundos extras. Outros destaques são as provas em circuitos fechados que mesclam asfalto com barro e os tiros por pistas com caminhos bifurcados.
Mas quando você pensa que já viu de tudo, o jogo o surpreende com novos cenários. Todos são bem diferentes uns dos outros, recriando suas respectivas localidades através da flora, da paisagem e da arquitetura típica. Alguns exemplos são a China, Malásia (com pistas cercadas por árvores ou água), Marrocos e Utah.
O efeito do DirectX 11
Aqueles que optam pela compra de seus jogos em versão para PC — desde que dotados de boas placas de vídeo — já contam por padrão com várias configurações gráficas que melhoram a aparência do game, tais como o aumento de resolução, aplicação de filtros que reduzem os serrilhados dos polígonos ou que melhoram as texturas.
Mas DiRT 2 vai além: ele é um dos primeiros títulos a trazer suporte para DirectX 11, a nova versão do pacote de APIs da Microsoft. De cara, você perceberá que tudo se torna mais nítido na tela, com sombreamento completo até mesmo nas pedras dos cenários. As poças de água utilizam a tecnologia Tesselation, o que permite a recriação de ondulações na superfície com a passagem dos veículos.
Na beirada do asfalto, é notável a aplicação da tecnologia também para a criação de tecidos mais macios e móveis para as bandeiras. Já com relação ao restante do cenário, temos a iluminação retocada, com raios solares que passam dentre os vãos das folhas em cenários mais fechados, criando um visual espetacular.
Atenção aos detalhes
Em circuitos mais movimentados, é possível observar os torcedores tirando fotos dos veículos. Mas o interessante é que não se tratam apenas de flashes rápidos espalhados pelas arquibancadas, e sim de personagens animados, que se abaixam ligeiramente e estendem os braços para frente com a câmera antes de darem o clique.
Na visão interna, outro detalhe muito legal: ao passar pelas poças, seu para-brisa ficará encharcado por uns instantes. Não se preocupe, pois os limpadores são ativados imediatamente. O efeito é bem trabalhado, com direito até a barro escorrido pelos cantos das hastes.
Online matador
Não importa se você joga no nível de dificuldade mais alto. A realidade é que o grande desafio das corridas de DiRT 2 será encontrado nas provas online, que contam com milhares de jogadores bem experientes em fazer curvas e rebater os adversários para longe.
Na versão de PC, com o apoio da infraestrutura da Windows Live, não tivemos qualquer dificuldade em encontrar corridas rolando (e em nos divertirmos com o modo de espectador). Os que pretendem sediar suas próprias partidas ainda contam com uma série de opções, desde eventos até carros.
Cadê a chuva?
Os circuitos presentes em DiRT 2 trazem uma ótima variação de iluminação de acordo com o horário do dia (o impacto é bem notável), entretanto, um elemento comum nos títulos antigos da franquia Colin McRae não deu as caras por aqui: a chuva.
Todas as pistas são praticamente secas, com curtos trechos mais enlameados. Chega a ser curioso ver todas aquelas poças d’água espalhadas pelas curvas e pelas retas. Teriam elas sido recriadas artificialmente, com uma mangueira?
De onde foi que ele veio?
Em partidas online, caso a qualidade da conexão de algum jogador caia, você prestigiará um fenômeno único no mundo do rally: a aparição de carros fantasmas. Os pilotos com “lag” surgem e desaparecem do nada, atravessando o seu carro em algumas horas e esmagando-o contra a parede em outros.
Isso atrapalha a jogabilidade e o planejamento do traçado. Se estiver buscando Conquistas, respire fundo e procure por outra sala para as suas partidas.
Pequenos detalhes
As reclamações que tivemos com relação aos menus das demais versões permanecem no PC: eles são belíssimos, entretanto não permitem que o jogador avance rapidamente pelas suas respectivas opções. Isso se deve ao fato de que os carregamentos são realizados enquanto a câmera se desloca. Se você está jogando a campanha pela segunda vez, é melhor ter um pouco de paciência.
Por fim, cabe ressaltarmos que a visão interna chega a ser claustrofóbica para alguns veículos, realmente limitando o seu campo de visão. Se for se divertir, vá por trás do volante, mas para as grandes competições, prefira a câmera externa.
Vale a pena?
Tudo o que foi trazido pelas versões dos consoles de DiRT 2 está presente no PC. A direção é minimalista (mas ainda assim com possibilidades de ajustes para os novatos), equilibrando perfeitamente a simplicidade dos comandos com a complexidade dos traçados e das armadilhas.
Há conteúdo de sobra, envolvendo muitas modalidades de corrida (e um breve retorno das provas de rally), uma campanha interessantíssima, brinquedos e personalização para todos os gostos e o modo online, no qual se encontram os maiores desafios que você pode encontrar.
Mas o melhor de tudo aqui são os visuais, mais lindos do que nunca graças à presença do DirectX 11. Quem tem um bom computador para rodar o game não tem que pensar duas vezes: DiRT 2 é um dos melhores jogos de corrida desta geração, indispensável para quem curte o gênero.