Call of Duty - World at War

28/02/2010 11:25

A venerável série que explora o conflito humano em diversas épocas volta às suas raízes, a Segunda Guerra Mundial, e mostra que ainda tem fôlego.

 

 

Mais um novo game Call of Duty chega às prateleiras, desta vez produzido pela Treyarch, uma companheira da Infinity Yard e a responsável por Call of Duty 3. Sim, mais um game da franquia que parece ter chegado a um ponto extremamente satisfatório com a direção tomada em Modern Warfare e sim, ele retorna ao já mega-explorado campo de batalhas da Segunda Grande Guerra. Mas World at War tem uma boa quantidade de conteúdo e algumas novidades para não apenas sair das sombras de Modern Warfare, mas fazer os jogadores mergulharem mais uma vez na violenta guerra.




A trama, como já havia dito, retorna o game as suas raízes. Novamente, o jogador estará em meio a algumas das batalhas que fizeram parte da Segunda Guerra Mundial, mais especificamente a resposta russa a tentativa alemã de dominar a cidade de Stalingrado e a eventual marcha a Berlim (considerada uma das razões da queda do exército alemão no conflito) e uma parcela ainda não explorada: o conflito na frente oriental. O cenário pouco usual ajuda em muito o game a se destacar das milhares de outras representações da guerra. Toda a narrativa está permeada por uma urgência e mesmo uma tensão que não se encontrava nas telas digitais de Modern Warfare: as primeiras campanhas americanas são um esforço desesperado em conseguir deixar a ofensiva de pé, até terminar em grandes e épicos combates. Claro, qualquer um com algum conhecimento histórico sabe muito bem o resultado da maioria destes conflitos, mas isso no final pouco importa. O gosto da experiência não está no fim em si, mas na luta que se dá no percurso – que, infelizmente chega consideravelmente rápido. A franquia Call of Duty foi sempre conhecida por dar ao jogador um tiro em primeira pessoa linear e lotado de scripts e cenas pré-planejadas que aumentam a intensidade do título e tornam a experiência algo mais de momento, como um destes filmes épicos de ação. Os oponentes japoneses são extremamente intensos e suas táticas são muito diferentes das dos alemães que povoam os jogos da série. É comum estar andando em uma clareira e ser atacado por um soldado que se fingira de morto, esperando a oportunidade de atacar gritando com a baioneta. A lógica de avanço e retirada também é diferente, e a AI faz um ótimo trabalho ao fazer o gamer temer os encontros com eles.

O modo multiplayer, uma parcela que foi um dos pontos de destaque de Call of Duty, ainda está muito competente neste game. O modo conta com uma seleção similar de modalidades de jogo, como Headquarters (controle de pontos no mapa), search and destroy, deathmatch e team deathmatch, além de novos, como war (parecido com o conquest de Battlefield, com três pontos em um cenário que devem todos serem dominados por um dos times) e capture-the-flag. O jogador ainda pode criar um personagem, num sistema bem flexível de classes, selecionando todo o equipamento e algumas habilidades, em uma seleção similar ao de Modern Warfare, com algumas pequenas inclusões na lista. Outro ponto que retorna são as recompensas ganhas por derrubar certo número de oponentes em uma única vida: matando-se três oponentes, o jogador é recompensado com um avião que pode propiciar a localização de adversários no mapa, com cinco mortos, uma salva de artilharia e, finalmente, com sete, uma matilha de cães é liberada, que caça todos os inimigos e ajuda a localizá-los. Como um último modo, Call of Duty: World at War traz o Natch der Untoten (alemão para Noite dos Mortos-vivos). O modo, um pouco nonsense, exige que o jogador, preso dentro de um barracão alemão, sobreviva o maior tempo possível contra um número infinito de hordas, que aumentam em número e agressividade. É um modo divertido e faz lembrar uma versão de Left 4 Dead com nazistas, além de completar um pacote multiplayer que, senão tão inovador quanto o de Modern Warfare, é ainda mais robusto.

 




A campanha single-player pode ser jogada quase que inteiramente em cooperativo com mais três outros players (com a exceção da fase que coloca o jogador na posição de um franco-atirador e numa outra em que ele controla a artilharia armada em um avião, na tentativa de derrubar um navio de guerra japonês). Isto, somado aos Death Cards, colecionáveis que destravam uma gama de desafios novos, ajudam a criar uma experiência de jogo com uma considerável durabilidade.

World at War funciona sobre a engine do jogo anterior, que ainda surpreende: explosões e efeitos de partículas dão um toque de realidade à ação, os modelos dos soldados são cheios de detalhes, os rostos marcados pela guerra e idade e todas as armas são reconstituições fiéis dos modelos reais da época. As animações são top de linha e geram um clima muito orgânico aos horrores da guerra. Um exemplo é o lança-chamas, uma das armas mais em voga atualmente no mundo dos games, e que graças aos efeitos visuais realistas das chamas, às respostas realistas dos adversários, que correm do jogador e se debatem no chão quando atingidos e ao som poderoso, mostra todo o seu potencial neste game. É uma arma realmente poderosa e assustadora, e o jogador perceberá que uma boa dose de atenção foi dada para criar este efeito. Vídeos reais, tirados da própria guerra num estilo History Channel, complementam o pacote visual e dão uma sensação de que os acontecimentos do game de fato têm uma grande repercussão na guerra geral, além de dar uma sensação sólida de continuidade – apesar do fato de que o jogo pula as vezes meses inteiros de combate entre uma fase e outra. Os diálogos estão muito bem montados e transpiram a sensação sufocante do conflito. Os atores Kiefer Surtherland e Gary Oldman fazem papeis de personagens americanos e russos, respectivamente, e suas atuações contribuem bastante para a atmosfera do game – Oldman, inclusive, fica quase irreconhecível com seu sotaque russo. Falando em atmosfera, o som domina World at War, com o constante som de disparos, o estampido de explosões, gritos de comando de oficiais e o desesperado urro de um soldado japonês correndo em sua direção. Tudo gravado de forma fantástica e gerando um clima de constante embate e intensidade, próprio da série.

Call of Duty: World at War é um incrível game de tiro em primeira pessoa e, se não consegue inovar como o fez Modern Warfare, reforça de forma brilhante a qualidade de uma das mais famosas franquias de games de guerra.

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